quarta-feira, 16 de setembro de 2009

This is going to be the happiest day of my life


Escuto isso, quase todos os dias, de Michael Scott. E cada dia eu alimento a certeza que o The Office é o melhor seriado de tv. Seu humor não é feito de palavrões, apelação, mulheres seminuas, caricaturas escrachadas. Mas de pessoas comuns, que tem um realismo incrível pra deixar os espectadores espantados com os absurdos da vida normal. Diria que o espírito geral que permeia The Office é bem triste e desesperador mesmo, mas a agilidade dos esquetes e das ações, entremeados pelos depoimentos no estilo mais que atual de reality show, dão o equilíbrio e a graça pra esse todo meio irônico, meio amargo. Cada personagem não é um estereótipo, mas um clássico; na minha opinião, criados no método de fazer uma personalidade dentro de um corpo estranho a ela, o que torna tudo engraçado e especial. Kelly Kapoor é a típica bitch dos dias de hoje, toda segura e arrogante, mas indiana, fora dos padrões estéticos. Dwight Schrute seria o típico homem das cavernas, com a mente de quem mata pra sobreviver, mas engravatado dentro do escritório. Michael Scott é o típico idiota, que ninguém gosta de ter por perto e que nunca é responsável, contudo, é o patrão. Dessas deliciosas contradições saem coisas absurdas, como “Beers in heaven”, ou uma exposição pública dos relacionamentos amorosos de cada empregado como forma de apresentá-los, ou Michael embebedando Meredith pra obrigá-la a ir a uma clínica de reabilitação, ou uma sala de escritório transformada em discoteca em pleno horário de expediente, com o chefe insistindo pra que todos vão dançar. Maravilhosa também é profunda zombaria que a série faz com a divinização das grandes corporações, do espírito de liderança e equipe, da produtividade – são todas besteiras reais que temos que ouvir e nos sentir culpados por não vivê-las, mas que, na verdade, não existem! Ainda bem.

Dwight merecia um texto imenso só sobre ele. Um selvagem, completamente sem coração, descendente e falante de alemão (a língua mais deliciosamente bárbara entre as modernas), mente de fazendeiro, mente de predador. Só assim mesmo pra ele ser o ás da produtividade.

Enfim, The Office, meu grande amor de 2009.