Quando as Spice Girls acabaram, fiquei muito órfã de ídolos. Vivendo aquela fase chatíssima dos 11 anos, início da quinta série, muita espinha, cortei o cabelo curto pra imitar a Victoria e os garotos me olhavam como se eu tivesse me mutilado. Vi o Pato fu no Vídeo Show, com “Antes que seja tarde” ecoando numa praia e a Fernanda Takai muito feliz e suave, com um cabelo curtíssimo repartido ao meio, um “M” de McDonald’s bem estranho. Minha afinidade com ela foi bem visual, mulheres de cabelo curto, de onde eu vim, eram sempre velhas e professorais, mas a Fernanda Takai era uma imagem com frescor. O “Antes que seja tarde” rodou muito comigo nas tardes de tarefa de ciências, “continuo sob a mesma condição” é a exata definição pra passagem da infância pra adolescência, e daí pra idade adulta: se fica na expectativa de algo mudar e nada acontece. A partir de então me tornei facilmente um cosplay de Takai, minha maior emoção e ousadia era vestir saias abaixo do joelho com tênis (só não parecia tão religiosa por causa do cabelo).
Enfim, vê-la no show, tão de perto, foi a impressão de rever uma velha amiga, com quem nunca se conversou. Ela também é tão baixinha, visível no pedestal do microfone, levantado antes e já emoldurando a sua presença. Como ela fala durante o show! Às vezes é chato e desnecessário, mas em muitas outras é engraçado e reforça a sensação de velha amiga, quebra a imagem de fofinha e tímida, que é um tanto enjoativa por mais de meia hora. Bem engraçada mesmo, no caminho do espirituoso – essa bendita palavra que eu gosto mas nunca entendo completamente o que seja.
“Nunca subestime uma mulherzinha” é a lição a se tirar, Takai e Nelson Motta criando a surpresa de fazer os fãs antigos de Nara Leão consumirem a novidade da sua interpretação em “Onde brilhem os olhos seus”, e ao mesmo tempo levar a geração de Pato fu (como eu) a se reconhecerem na cantora carioca. As canções revivendo os anos 80 foram as melhores, com o violão do John me lembrando o “Love Vigilants” do show do Pato fu em Belo Horizonte, acho que em 2000, época do “Televisão de cachorro”, melhor fase da banda. “There must be an angel” foi uma surpresa feliz pra mim, que conhecia a música das minhas tardes chatas de tarefa e Jovem Pan, e ouvindo agora novamente na versão original do Eurythms quase morri com as firulas tristes da cantora e aquela bateria podre de anos 80. “An angel playing with my heart” foi o que Fernanda conseguiu ser ali, divertindo, cutucando, rindo, cantando Duran Duran em sua própria homenagem pra homenagear nossa lembrança de fazer o próprio caminho pelo mundo ordinário.
Não gostei daquele pessoal tentando tirar fotos de jornalista, atirando no show com máquinas, pra divulgar a imagem de uma cantora que a cidade mal conhece – todo mundo que a conhecia devia já estar por lá mesmo.
Pessoalmente, fiquei chateada com os rumos que o Pato fu foi tomando, o rock de John já não é a personalidade da banda, mas sim o pop de Fernanda, desde “Isopor”. E o que eu vi ontem me mostrou como eu subestimei a mulherzinha, que já não é mais tão tímida e infantil assim, sabe bem rir de si mesma, algo que definitivamente eu precisaria aprender com alguma urgência.
Enfim, vê-la no show, tão de perto, foi a impressão de rever uma velha amiga, com quem nunca se conversou. Ela também é tão baixinha, visível no pedestal do microfone, levantado antes e já emoldurando a sua presença. Como ela fala durante o show! Às vezes é chato e desnecessário, mas em muitas outras é engraçado e reforça a sensação de velha amiga, quebra a imagem de fofinha e tímida, que é um tanto enjoativa por mais de meia hora. Bem engraçada mesmo, no caminho do espirituoso – essa bendita palavra que eu gosto mas nunca entendo completamente o que seja.
“Nunca subestime uma mulherzinha” é a lição a se tirar, Takai e Nelson Motta criando a surpresa de fazer os fãs antigos de Nara Leão consumirem a novidade da sua interpretação em “Onde brilhem os olhos seus”, e ao mesmo tempo levar a geração de Pato fu (como eu) a se reconhecerem na cantora carioca. As canções revivendo os anos 80 foram as melhores, com o violão do John me lembrando o “Love Vigilants” do show do Pato fu em Belo Horizonte, acho que em 2000, época do “Televisão de cachorro”, melhor fase da banda. “There must be an angel” foi uma surpresa feliz pra mim, que conhecia a música das minhas tardes chatas de tarefa e Jovem Pan, e ouvindo agora novamente na versão original do Eurythms quase morri com as firulas tristes da cantora e aquela bateria podre de anos 80. “An angel playing with my heart” foi o que Fernanda conseguiu ser ali, divertindo, cutucando, rindo, cantando Duran Duran em sua própria homenagem pra homenagear nossa lembrança de fazer o próprio caminho pelo mundo ordinário.
Não gostei daquele pessoal tentando tirar fotos de jornalista, atirando no show com máquinas, pra divulgar a imagem de uma cantora que a cidade mal conhece – todo mundo que a conhecia devia já estar por lá mesmo.
Pessoalmente, fiquei chateada com os rumos que o Pato fu foi tomando, o rock de John já não é a personalidade da banda, mas sim o pop de Fernanda, desde “Isopor”. E o que eu vi ontem me mostrou como eu subestimei a mulherzinha, que já não é mais tão tímida e infantil assim, sabe bem rir de si mesma, algo que definitivamente eu precisaria aprender com alguma urgência.